Ó tarde ensolarada,
misto de vivacidade e langor,
és uma dádiva de luz e amizade;
trazes em teu bojo o cheiro do
café,
o gosto refrescante do sorvete,
o alento de conhecidas
palavras.
Debaixo de um sol de prata,
logo o cheiro de ruas molhadas,
a sensação de um alívio
momentâneo.
Na conversa descompromissada,
cotidiano, poesia, sabores, memórias...
Mosaico de uma vida, de uma
tarde, de um eterno instante.
janeiro 03, 2019
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Ser de alguém
como uma coisa descartável
ou posse malcuidada
de um avaro autointitulado
dono
Ser de ninguém
ou daquele que der o maior lance
um produto do descaso
um produto do descaso
a passar de mão em mão
sem horizonte
Ser de si mesma
construindo o próprio caminho
tendo a liberdade de errar
doando-se apenas quando quiser
Ser... Mulher
janeiro 02, 2019
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um poema como um soco no
estômago
tentativa vã de fazer com que
você reaja
acorde de uma vez de seu
sono sem sonhos
um poema como uma delicada flor
fazendo com que você aprecie a
beleza
o magnífico esplendor de gestos
pequeninos
um poema sem pudor
que fale aquilo que é
necessário
que nos envolva com sua crueza
e sinceridade
um poema além e aquém
longe e perto – trevas e luz
paradoxo de uma vida plena de
possibilidades
dezembro 31, 2018
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Muito abaixo da superfície
em um ponto equidistante
entre a efervescência criativa
e o desejo sem fronteiras
está o cerne de um espírito
ímpar
E mais fundo ainda
escondida até de si mesma
a essência indelével de uma
composição
cujos primeiros acordes ainda
ecoam
uma sinfonia que transcende tempo
e espaço
fonte germinal de todo amor
dezembro 30, 2018
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Quero o verde da esperança,
o roxo da dor,
o azul da serenidade,
o vermelho do amor,
o cinza da tristeza,
o branco da paz...
Quero, enfim, o colorido da
vida simplesmente,
nem mais nem menos.
dezembro 26, 2018
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Aqui repousas
tão perto e tão longe
dentro daquilo que chamo
coração
Olho pela janela
entre nuvens passageiras
vejo o reflexo triste da
lembrança:
tempo de infância
época de dourados sonhos
nostalgia de um natal de
mármore.
dezembro 25, 2018
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solstício de verão
momento de desacelerar
de olhar para dentro
lembrar que tudo se renova
tudo se transforma
toma novos contornos
pensar que fazemos parte do
ecossistema
não somos animais apartados de
tudo
tempo de ir além
de calma e tranquilidade
luz, energia, expansão
dezembro 22, 2018
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Desejo inconsciente de nada
desejar
de viver como pedras
sem querer coisa alguma
plainando sob o abismo
sem sonhos nem expectativas
Morrer um pouco a cada dia
micromortes anunciadas que nos
fazem amadurecer
Lento processo de erosão, de
desprendimento...
milhões de toneladas de gelo
que se deslocam
rumo ao vasto Oceano
dezembro 21, 2018
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Ei-la, exsudando feminilidade,
bem à minha frente.
Outra vez não me faço de
rogado;
ébrio de prazer, levo-a ao
delírio.
Não procuro extrair da vida
algum sentido,
muito menos perco tempo com
homens-sepultura;
contento-me com o fugidio
momento,
com o etílico prazer de noite
em boa companhia.
Não tenho mais idade para me
aborrecer à toa.
Não quero estar com quem não
ousa.
Cala-te! Beija-me!
A ilusão nos persegue por todos
os lugares;
no alvor da manhã, rasgamos o
véu da loucura.
dezembro 19, 2018
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Devassamente me entrego ao
homem que tanto cobicei
Submeto minhas curvas a todos
os seus caprichos,
Vassala do meu próprio tesão
Perdida nessa cama vazia
Entre lençóis úmidos, sujos
Com forte cheiro de suor e
desejo insaciável
Planejo o próximo gozo
Não me
venha com esse olhar reprovador!
Conheço
bem o seu puritanismo
Não me prendo a ninguém,
furtiva que sou
Quero arder apenas, arder com
intensidade.
dezembro 16, 2018
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(Poema
de Samuel Rocha)
Borboletas no estômago –
sussurram os enamorados –
Nunca senti!
Não a paixão, essa indubitável
alcunha humana, as borboletas.
Sempre pareceu-me mais com um
aperto no peito
Pela angústia tomado
Pela alma, sempre pueril,
inebriado
Temido pelo coração cansado.
Que, bem agora, tivesse pernas, estariam bambas
Tivesse olhos, estariam
suspeitos
Tivesse razão, estaria longe
Longe do perigo dessa roseira
sem rosas
O algoz é inexorável.
Nada daria errado, tinha
certeza!
Eu estava errado.
Experiência que de nada serve!
Como se defender do ataque
inesperado?
Felizes os que não se
apaixonam!
Para amar, sou inadequado.
dezembro 14, 2018
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dezembro 14, 2018
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(Autoria: Gleice C. Lanzoni)
Não sei
por que, mas sempre gostei mais da cor azul. É uma cor que me atrai
profundamente, até o âmago da minh'alma. Talvez isso seja um resultado do meu
fascínio, desde pequena, pelo céu de anil, pelo mar azul turquesa, por
vestidos e olhos cerúleos... Enfim, o infinito deve ser formado por uma miríade
de tons de azul, o que me faz querer desvendar e explorar cada vez mais,
mergulhando no mistério celeste sem fim da existência.
Sempre
achei as violetas flores muito difíceis de serem cultivadas. Elas não se
adaptam a qualquer lugar, há que se regá-las com todo apreço para não
sucumbirem ao excesso de água e também para não morrerem pela falta da mesma. Penso
numa analogia, que pessoas se parecem muito com flores, e para mim, a
violeta, apesar de parecer muito delicada, é uma das flores mais bonitas
e peculiares de nossa natureza.
As
pessoas violetas têm seu próprio mundo, vivem nele, sendo por isso muito
difícil invadir seus espaços e descobrir seus índigos segredos. Elas escolhem
seu canto e lá ficam, entorpecidas pelo local que elegeram para si, por
muito tempo. Contemplativas e misteriosas, elas pouco falam, mas mesmo assim, de
uma forma serena e inesperada, espalham o seu perfume tranquilizador a
todos.
Queria
saber cultivar as violetas, mas há que se ter uma paciência quase
monástica para se dedicar totalmente a uma florzinha tão peculiar como ela... Eu
que sou um pequeno girassol, que me movo de um lado para outro,
impetuosa, colorida, quase ofuscante. Eu que tento de todas as formas ser
vida, cor e calor. Eu, que sou o que sou, queria ser uma violeta, mas sou um
girassol! E girassóis não habitam o mesmo vaso de uma violeta. Mas não tem
problema, sorrio ao saber que faço parte desta rica diversidade de tons,
brilhos e agradáveis odores.
dezembro 13, 2018
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Debacle, fiasco, revés...
Tentativas inócuas de
clarificação
Embaciado destino que nos
acomete
Experimentos, cálculos e
teorias
Terraplenagem, construções,
obeliscos
Válvulas, chips, desperdícios
Vida assaz racionalizada
Na esquina, à espreita,
O pêndulo da dúvida.

dezembro 09, 2018
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