Trago
na pele as marcas de um dolorido viver. Fui muitas vezes magoado e ferido, mas,
para o meu opróbrio, tenho também que confessar que a outros machuquei. Se
aprendi com os erros? Bem, acredito que tentei, que ainda tento me redimir de
alguma forma. Ser uma pessoa melhor não é tarefa fácil. Somos todos
imperfeitos. Achamos que o mundo gira ao nosso redor. Oh, fútil autoengano! A vida está no horizonte que vislumbramos, naqueles
que amamos, no contínuo pulsar do coração humano.
dezembro 07, 2018
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Envelhecer sem envilecer;
melhorar dia após dia.
Ser mais do que se espera,
seja aos oito ou oitenta anos.
Ver a grandeza nas pequenas
coisas
e admirar a beleza que nos
espreita.
Tanto, tantas coisas a se
fazer...
Correndo contra o tempo,
buscando muitas respostas!
Talvez encontrar o que ainda nos
falta
e amar, amar sem medo, sem nenhuma
explicação,
incondicionalmente.
dezembro 06, 2018
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Contínuo rastejar rumo ao Nada.
Petrificante sensação de agonia.
Paradoxos de uma vida desgraçada.
Pútrido ar que impregna e
asfixia.
Rima rica, frase feita, parco horizonte...
Amores, trabalho, família, ah, nem
me conte!
Tempestade que aos poucos se
avizinha;
Calmaria após tudo para a alma pobrezinha.
novembro 30, 2018
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Seguir apressadamente pelo
caminho da insensatez...
Perder-se dentro de alguém em
busca de si mesmo...
Fazer desta vida algo melhor do
que ela realmente é...
Laivos de ternura, sonhos de
verão, ciprestes e amargura.
Um porto amigo, um lugar onde
enfim repousar;
ali, algures perto do coração
selvagem,
algo acontece, surgindo
inopinadamente,
somente para um dia, sem nenhuma explicação,
desaparecer nas brumas da tempo.
novembro 25, 2018
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Às vezes, sou efusivo e
caudaloso;
às vezes, frio, calado, indiferente.
Tenho a solidão por companheira
e o sol da ilusão como farol.
Não sou tantos quanto queria
nem sou aquilo que sonhara.
Proscrito de mim mesmo,
a vagar sem horizonte,
sou o vislumbre sem viço de
outrora,
sou um turvo despertar hora
após hora.
novembro 22, 2018
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Perdido no caminho que me leva
à loucura,
eis que a encontro, candente e
bela;
não é um poço de ternura,
mas sabe resolver toda querela.
Sua ausência é sempre logo
percebida,
pois altera as cores por onde
passa.
Tem um quê de “trem
desgovernado”;
só que nunca descarrila, tudo
enlaça!
Regressa sem prévio aviso;
parte quando quer.
Caminha nos astros,
distraída...
Ah, quem pode com tal mulher!
novembro 19, 2018
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Entre as flores que vicejam em
ledo prado,
atrás de muros que nada
protegem,
lá, longe de tudo, em meio à
proteção que eu mesmo inventara,
olho atentamente para tudo e
não sinto nada.
Começo então a correr e a todo
custo tento fugir de mim mesmo.
Depois de algum tempo encontro
uma cerca, casas, uma realidade.
Pulo a cerca, respiro fundo,
observo atentamente as casas;
rachaduras, sofrimentos, risos,
vidas entrelaçadas.
Uma forte chuva começa a cair
e, cansado,
deito-me na relva molhada.
Depois de algum tempo, tudo
volta ao normal.
No céu, entre nuvens que se
dispersam,
há um brilho, um calor, uma
dádiva.
novembro 18, 2018
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Abandonei a todos e fui-me
embora.
Não disse para onde iria,
não deixei nenhum recado,
apenas segui em frente.
Atrás, as recordações; à
frente, o silêncio.
Tentei apagar todos os resquícios
de uma náufraga existência.
Busquei, em vão, o que a mim
não pertencia.
E, quando tudo se mostrava
irremediavelmente perdido,
eis que algo inesperado
aconteceu.
Com um afável sorriso no rosto
e um olhar compassivo,
numa rua erma e esquecida,
lá estava você outra vez vindo ao
meu encontro.
outubro 29, 2018
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Não quero escrever nada muito
profundo,
não quero ser tomado por um
tolo sentimento
do quanto os oprimidos sofrem,
ou de quanta injustiça há no
mundo;
quero apenas viver aquilo que
pode ser vivido.
No prosaísmo do cotidiano, papo
furado entre amigos,
boa comida, um bom vinho,
trabalho – dia após dia,
descanso, família.
Sempre contra um mundo melhor,
contra um novo homem,
mas com posturas e valores, é
claro;
só os chatos e entediados já
acordam pensando em revolução.
agosto 06, 2018
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No altar do Nada,
em meio a corpos e coisas,
contemplo a deterioração
constante de tudo.
Uma piada sobre algo do
cotidiano;
um cão que ladra;
uma mulher que passa.
Dias, semanas, meses, anos...
A imagem que vejo no espelho
não é mais radiante.
Sempre uma única direção,
sempre o mesmo acre sabor.
...
Deleito-me, enquanto posso.
julho 17, 2018
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Um brinde à burguesia!
Ela não fede, mas, como todo
mundo,
quer também ficar rica.
Não quero aqui fazer poesia,
quero falar mesmo é da vida
comezinha;
aluguel, contas, plano de
saúde, uma boa escola para os filhos...
Não é nenhum crime querer algo
mais!
Vender, comprar; ter princípios
e valores;
crescer na vida à custa do
próprio labor.
Uma piscina cheia de ratos é
própria daqueles que vivem do suor alheio,
daqueles que, por não
suportarem a própria mediocridade e incapacidade,
adoram culpabilizar aquilo que
chamam genericamente de “O Sistema”.
junho 15, 2018
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O que nasce, o que medra, o que
fenece;
tudo está circunscrito no
tempo,
tudo é frágil, limitado,
efêmero.
Estações que se sucedem;
precipícios que se avizinham.
O medo da aniquilação, do
regresso ao nada,
intensifica os prazeres do
agora.
Na natureza selvagem, junto com
outros animais,
o animal homem constrói seu
refúgio,
cria seu próprio mundo e
inventa outras tantas possibilidades.
março 14, 2018
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Não existe nada mais constante
do que a inconstância.
Hoje vejo.
Amanhã não vejo.
O que parecia eterno se
dissolve aos poucos.
Eu miro outra vez teu conhecido
semblante
e a única coisa que enxergo são
lembranças.
Dia após dia...
Ano após ano...
Partidas, encontros; idas e
vindas.
Ergo-me mais uma vez e
prossigo.
março 10, 2018
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O açoite da desesperança assola
o mundo dos vivos, dilacerando sonhos, fantasias e expectativas.
Cravado no coração das trevas,
um mistério sepulcral se esconde.
No umbral último, a seguinte
inscrição:
“Abandonai,
vós que entrais, aqui toda a esperança.”
Nove círculos de agonia, dor e
sofrimento.
A alma como um leito seco de
rio
Uma angústia silenciosa e
crescente
Um passo em falso
abismo
março 09, 2018
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