"O
homem é a medida de todas as coisas", essa máxima do antigo filósofo grego
ainda é, de certa forma, muito válida hoje em dia, pois, no que concerne a nós
mesmos, aos nossos sentimentos e sofrimentos, não possuímos outros parâmetros
que não os nossos. Toda experiência humana é única e intransferível. Ninguém
sabe exatamente, nem nunca saberá, qual é o mistério escondido por trás de cada
existência. Somente nós podemos descortinar o nosso próprio mistério, porém –
eis uma verdade insofismável – não somos capazes de comunicá-lo a ninguém.
Quando arruinamos tudo,
quando nos sentimos derrotados,
quando o pesar é muito grande,
quando não conseguimos pensar
em outra coisa,
quando nos desprezamos e nos
sentimos horríveis,
quando o desespero bate à
porta,
quando deixamos de mentir para
nós mesmos,
quando nos encaramos no
espelho,
quando tiramos todas as
máscaras,
quando não há mais nada a
perder,
é que a vida se renova.
março 05, 2016
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Racionalmente,
desvendamos o mundo. Buscamos repostas para tudo. Criamos padrões, leis e
teorias. No entanto, não possuímos a noção exata do número de coisas que
desconhecemos, não sabemos, portanto, qual é ao certo o tamanho da nossa
ignorância. É claro que o “não saber” deve ser sempre um estímulo para o “saber
mais”. Porém, não podemos aspirar ao pleno conhecimento. É uma ilusão muito
atraente acreditar na infalibilidade racional do homem. A nossa pretensão
intelectual será sempre frustrada por dois simples fatos: primeiro, a vida é
curta; segundo, a nossa capacidade cognitiva é limitada. Em cada infinito
existe muitos outros infinitos. Toda resposta leva inevitavelmente a uma nova
pergunta.
março 02, 2016
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fingir
aquilo que não se sente
seguir
todos os ditames sociais
ser exatamente
aquilo que se espera
crer na
própria mentira
aceitar
o ledo engano
simular
a própria existência
tornar-se
uma cópia de si mesmo
Enfim, viver algo muito
parecido com a vida.
março 01, 2016
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Gota a gota e calmamente,
um iceberg de potencialidades
perde a sua suposta solidez,
liquefazendo-se no presente.
Nada é capaz de deter tal
processo;
o aquecimento é inevitável.
Fica então aqui a nossa única
certeza:
o líquido que aos poucos se
derrama
deve ser muito bem aproveitado;
a água do degelo formará um
rio,
e este rio, por consequência,
desaguará na vastidão oceânica.
fevereiro 28, 2016
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O que
nos diferencia dos outros animais não é somente a nossa habilidade cognitiva, a
nossa racionalidade, mas também – e principalmente – a capacidade que temos de
fazer coisas que vão na direção contrária de nossos impulsos naturais mais básicos
e primitivos. É muito importante que as pessoas sejam boas, contudo, como bem
sabemos, essa não é a regra; sucumbimos muitas vezes a instintos nada
civilizados. Precisamos, portanto, de um conjunto de valores nos quais possamos
nos orientar. Precisamos saber que existem limites. Precisamos valorizar os
bons costumes e também a boa educação, que, assim como as virtudes, não nos são
inatas; devemos continuamente reforçá-las em nossa rotina diária para que nos
tornemos, com a prática, pessoas melhores. No entanto, há aqui uma obviedade:
tudo aquilo que não é ensinado não nasce, tudo aquilo que não é cuidado não
cresce, não se desenvolve. E assim de anemia morre o rebento moral que,
infelizmente, mesmo que não definhe no nascedouro, poucas chances futuras terá
de sobrevivência.
fevereiro 15, 2016
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Repleta de letícia plena,
em meio a um jardim de flores
caprichosas,
ela borboleteia serena
entre lírios e rosas,
gerânios e begônias,
hortênsias e bromélias,
violetas e tulipas,
cravos e orquídeas.
No Jardim da Criação,
ela é a Monarca,
aquela das majestosas asas
douradas.
Borboleta-monarca
(Danaus plexippus)
|
fevereiro 14, 2016
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O passarinho voa,
atravessa porteira,
riacho, estrada e monte,
chegando onde bem queira,
sem ter quem o confronte.
Livre, seu canto entoa,
e despreocupado
rápido anuncia,
no belo verde prado,
majestosa alegria.
Longe, numa lagoa,
descansa calmamente;
precisa forte estar:
quer mostrar o que sente,
quer alcançar o mar.
fevereiro 11, 2016
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Homero, Safo, Anacreonte,
Virgílio, Horácio, Ovídio,
Dante, Petrarca e o grã Camões,
Juntos, cantando edificaram,
Com engenho e arte, novo Reino
Que pioneira senda abriu
Aos que, seguindo sumo exemplo,
Nobre arte ao mundo anunciaram.
Tal legado só foi possível
Porque não perderam o lastro;
Só se pode o novo singrar
Com um bom, velho e firme
mastro.![]() |
“Se eu vi mais longe, foi por
estar sobre ombros de gigantes.”
(Isaac Newton) |
fevereiro 06, 2016
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Profanar
é um verbo que, hoje em dia, está muito em voga. No entanto, acautelemo-nos.
Quando retiramos o sagrado de seu devido lugar, tornando tudo mundano, perdemos
a noção da necessidade de uma hierarquia de valores. Quando tudo é importante,
quando tudo está no mesmo patamar, nada é verdadeiramente importante. Desta
maneira, a banalização se infiltra por todos os poros da vida.
janeiro 24, 2016
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Tolos!
Eis o que vós sois:
Engodo
artístico, decomposição e nada.
Esqueceram-se da tradição
e destruíram tudo o que
encontraram;
mergulhados em um luto
permanente,
abandonaram de uma vez o culto
ao belo.
Artistas infantilizados
produzem a sua arte “inovadora”:
transgredir por transgredir,
desconstruir por desconstruir.
Conservar é, para eles, um
verbo abominável.
Porém, muito mais abominável
ainda é “arte” que produzem.
janeiro 09, 2016
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Agir conforme as próprias
vontades não requer esforço;
reprimir essas vontades, sim.
O mal se prolifera nos pântanos
da leniência e da tibieza,
enquanto que, para se fazer o
bem, é necessário muita labuta,
muitos esforços, muita
dedicação.
Deixado em seu estado natural,
o homem não é belo nem justo;
da destruição total do passado
não surgirá um futuro augusto.
Uma reengenharia social que
desconheça completamente
a nossa íntima natureza só
piorará tudo.
A nossa luta deve ser
constante!
Devemos buscar a perfeição,
mesmo estando cientes de nossas
imperfeições,
mesmo sabendo que se trata, no
fim das contas,
de uma missão impossível.
janeiro 07, 2016
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Tudo se perde com o tempo:
perde-se a vergonha,
perde-se a fantasia,
perde-se a alegria,
perde-se a vitalidade,
perde-se, aos poucos, a
esperança.
Alguns perdem até os cabelos,
mas não a barriga.
E, se longeva a vida for,
perdemos, inclusive, as pessoas
que mais amamos.
Tal processo, apesar de
doloroso, é imprescindível;
perder é, antes de tudo,
amadurecer.
É preciso deixar para trás toda
a carga inútil,
todo o peso morto;
seguir em frente, até que não
reste mais nada;
só assim conseguiremos chegar,
com altivez, ao fim desta jornada.
janeiro 07, 2016
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Aos borbotões, o rio caudaloso
da vida,
de forma repentina e abrupta,
tem o seu calmo curso
interrompido
por uma queda inesperada.
Ao longe, ouve-se o fragor
desesperado
das águas agitadas.
Porém, aos poucos, tudo volta
ao normal.
O Mar, este destino último,
aguarda impassivelmente.
dezembro 14, 2015
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Oh, Edith, não, eu não me
arrependo de nada.
A vida, esta belle chanson, fugidia e efêmera,
não deve ser preenchida por
lamentos
daquilo que poderia ter sido e não foi.
A hora da estrela sempre chega um dia...
Melhor olvidar as mágoas,
viver plenamente, sem histeria.
Nem tudo podemos consertar.
O Destino é cego.
C'est
la vie!
dezembro 11, 2015
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