O que
nos diferencia dos outros animais não é somente a nossa habilidade cognitiva, a
nossa racionalidade, mas também – e principalmente – a capacidade que temos de
fazer coisas que vão na direção contrária de nossos impulsos naturais mais básicos
e primitivos. É muito importante que as pessoas sejam boas, contudo, como bem
sabemos, essa não é a regra; sucumbimos muitas vezes a instintos nada
civilizados. Precisamos, portanto, de um conjunto de valores nos quais possamos
nos orientar. Precisamos saber que existem limites. Precisamos valorizar os
bons costumes e também a boa educação, que, assim como as virtudes, não nos são
inatas; devemos continuamente reforçá-las em nossa rotina diária para que nos
tornemos, com a prática, pessoas melhores. No entanto, há aqui uma obviedade:
tudo aquilo que não é ensinado não nasce, tudo aquilo que não é cuidado não
cresce, não se desenvolve. E assim de anemia morre o rebento moral que,
infelizmente, mesmo que não definhe no nascedouro, poucas chances futuras terá
de sobrevivência.
Repleta de letícia plena,
em meio a um jardim de flores
caprichosas,
ela borboleteia serena
entre lírios e rosas,
gerânios e begônias,
hortênsias e bromélias,
violetas e tulipas,
cravos e orquídeas.
No Jardim da Criação,
ela é a Monarca,
aquela das majestosas asas
douradas.
Borboleta-monarca
(Danaus plexippus)
|
fevereiro 14, 2016
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O passarinho voa,
atravessa porteira,
riacho, estrada e monte,
chegando onde bem queira,
sem ter quem o confronte.
Livre, seu canto entoa,
e despreocupado
rápido anuncia,
no belo verde prado,
majestosa alegria.
Longe, numa lagoa,
descansa calmamente;
precisa forte estar:
quer mostrar o que sente,
quer alcançar o mar.
fevereiro 11, 2016
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Homero, Safo, Anacreonte,
Virgílio, Horácio, Ovídio,
Dante, Petrarca e o grã Camões,
Juntos, cantando edificaram,
Com engenho e arte, novo Reino
Que pioneira senda abriu
Aos que, seguindo sumo exemplo,
Nobre arte ao mundo anunciaram.
Tal legado só foi possível
Porque não perderam o lastro;
Só se pode o novo singrar
Com um bom, velho e firme
mastro.![]() |
“Se eu vi mais longe, foi por
estar sobre ombros de gigantes.”
(Isaac Newton) |
fevereiro 06, 2016
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Profanar
é um verbo que, hoje em dia, está muito em voga. No entanto, acautelemo-nos.
Quando retiramos o sagrado de seu devido lugar, tornando tudo mundano, perdemos
a noção da necessidade de uma hierarquia de valores. Quando tudo é importante,
quando tudo está no mesmo patamar, nada é verdadeiramente importante. Desta
maneira, a banalização se infiltra por todos os poros da vida.
janeiro 24, 2016
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Tolos!
Eis o que vós sois:
Engodo
artístico, decomposição e nada.
Esqueceram-se da tradição
e destruíram tudo o que
encontraram;
mergulhados em um luto
permanente,
abandonaram de uma vez o culto
ao belo.
Artistas infantilizados
produzem a sua arte “inovadora”:
transgredir por transgredir,
desconstruir por desconstruir.
Conservar é, para eles, um
verbo abominável.
Porém, muito mais abominável
ainda é “arte” que produzem.
janeiro 09, 2016
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Agir conforme as próprias
vontades não requer esforço;
reprimir essas vontades, sim.
O mal se prolifera nos pântanos
da leniência e da tibieza,
enquanto que, para se fazer o
bem, é necessário muita labuta,
muitos esforços, muita
dedicação.
Deixado em seu estado natural,
o homem não é belo nem justo;
da destruição total do passado
não surgirá um futuro augusto.
Uma reengenharia social que
desconheça completamente
a nossa íntima natureza só
piorará tudo.
A nossa luta deve ser
constante!
Devemos buscar a perfeição,
mesmo estando cientes de nossas
imperfeições,
mesmo sabendo que se trata, no
fim das contas,
de uma missão impossível.
janeiro 07, 2016
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Tudo se perde com o tempo:
perde-se a vergonha,
perde-se a fantasia,
perde-se a alegria,
perde-se a vitalidade,
perde-se, aos poucos, a
esperança.
Alguns perdem até os cabelos,
mas não a barriga.
E, se longeva a vida for,
perdemos, inclusive, as pessoas
que mais amamos.
Tal processo, apesar de
doloroso, é imprescindível;
perder é, antes de tudo,
amadurecer.
É preciso deixar para trás toda
a carga inútil,
todo o peso morto;
seguir em frente, até que não
reste mais nada;
só assim conseguiremos chegar,
com altivez, ao fim desta jornada.
janeiro 07, 2016
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Aos borbotões, o rio caudaloso
da vida,
de forma repentina e abrupta,
tem o seu calmo curso
interrompido
por uma queda inesperada.
Ao longe, ouve-se o fragor
desesperado
das águas agitadas.
Porém, aos poucos, tudo volta
ao normal.
O Mar, este destino último,
aguarda impassivelmente.
dezembro 14, 2015
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Oh, Edith, não, eu não me
arrependo de nada.
A vida, esta belle chanson, fugidia e efêmera,
não deve ser preenchida por
lamentos
daquilo que poderia ter sido e não foi.
A hora da estrela sempre chega um dia...
Melhor olvidar as mágoas,
viver plenamente, sem histeria.
Nem tudo podemos consertar.
O Destino é cego.
C'est
la vie!
dezembro 11, 2015
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dezembro 07, 2015
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A certeza de que não há certeza
alguma,
juntamente com o temor da
contingência
e o pavor de que o acaso
resulte em ocaso,
acaba paralisando e engessando
nossas vidas.
Obstáculos são feitos para
serem superados,
eis uma frase pra lá de clichê,
mas a vida, não nos enganemos,
é um grande clichê.
Não é fácil transmutar o velho
em novo a cada dia;
encontrar subterfúgios para
contornar o tédio cotidiano.
Realmente, não há nada novo debaixo do sol,
por isso é preciso ter coragem
e lutar até o fim.
dezembro 07, 2015
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Foi o desejo que me guiou até
aqui.
Sinto-me liberado de toda uma
carga,
tiraram-me os grilhões que me
prendiam,
mas a sensação que sinto neste
momento
é muito mais do que de liberdade.
Na realidade, o que sinto é um
grande vazio.
Tenho a impressão de que algo
grandioso
esteve próximo de acontecer.
Não consegui nada do que
queria,
tudo falhou.
Minha existência quase...
No entanto, não tenho mais o
que esperar,
cheguei ao fim.
dezembro 06, 2015
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A única coisa que posso fazer é
sublimar a dor que sinto em meu peito,
fazer com que esta angústia
incessante, que me persegue continuamente,
seja expurgada através desta
minha medíocre expressão.
O mundo parece que vai me
esmagar, porém, não me esmaga,
e, desta forma, me destrói
lentamente,
fazendo-me afundar em meu mundo
particular.
Estou sufocado por meus
próprios pensamentos
e por minha própria dor
existencial.
Não aguento mais, estou louco,
busco desesperadamente uma saída,
mas nada encontro; não tenho
onde me segurar,
estou afundando e, aos poucos,
desaparecendo...
Para sempre vivo emudecido e
esquecido por todos aqueles
que, um dia, disseram me amar.
dezembro 05, 2015
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Vida:
Partícula infinitesimal
suspensa no oceano do espaço-tempo,
sofrendo variações quânticas em
nível subatômico,
regida por forças ainda
desconhecidas pela ciência;
eterno mistério patente e, ao
mesmo tempo, latente.
Na vastidão incomensurável do
Universo,
seguimos a nossa estrela.
No pálido ponto azul, nos
alegramos e nos aborrecemos,
aprendemos e brigamos,
crescemos e morremos.
Relembrando um antigo filósofo,
apesar de tudo,
ainda somos a medida de todas
as coisas.
Parêntese: Realidade objetiva
realmente existe,
mas preferimos muito mais nadar
nas águas da subjetividade.
novembro 29, 2015
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