Na fantasmagórica noite vazia,
homens lúgubres e inebriados,
sob o véu diáfano da fantasia,
libertam-se de seus cadeados.
Porém, o sonho efêmero e forte,
que, do crepúsculo à alvorada,
os guiou nesta louca madrugada,
exala apenas um cheiro de
morte.
A realidade revela-se
intransigente;
o jeito é abandonar a leda
euforia,
tendo apenas uma coisa em
mente:
a vontade de viver a próxima
alforria.
outubro 26, 2015
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Num
mundo supersticioso, progressista e multiculturalista, ser uma pessoa cética,
liberal e com valores morais bem definidos é uma tarefa realmente difícil. Mais
fácil é seguir o fluxo. Porém, – cuidado! – aceitar com docilidade que a
unanimidade imbecilizante seja o único caminho possível, deixando de lado
qualquer análise crítica, é a melhor forma de perpetuar o falso progresso de
nossos atuais dias. Ou estocamos vento em nossas cabeças, ou estocamos
conhecimento e sabedoria. Lembremo-nos sempre que todo saber que não é, ou não
pode, ser questionado, evidentemente, saber não é; trata-se apenas de
doutrinação e mistificação, nada mais.
outubro 22, 2015
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Mortos-vivos caminham pelas
ruas
anestesiados de prazer e tédio.
Sem nenhum horizonte ou
perspectiva,
vagam em contínua agonia.
Acham que não existem mais
valores;
que agora tanto faz ser bom ou
mal.
Pensam que todos os caminhos se
assemelham,
pois, para eles, o fim é sempre
igual.
Tornam-se, assim, escravos da
própria vitimização;
responsabilidade individual, é
claro, está fora de questão.
outubro 19, 2015
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Contemplar o vazio absoluto
e relativo que transborda,
em meu cálice, seu teor
impoluto.
Vívidas imagens fugidias,
esperança natimorta,
nuances esquálidas
do passado.
Sorvendo até a última gota,
suspiro fundo.
Novamente, no cais hodierno,
a maré vindoura está a
arrebentar.
outubro 16, 2015
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Silenciem os deputados,
silenciem o Congresso,
silenciem os poderosos, este é
o nosso manifesto.
Convoco a todos a um grande
protesto:
não à corrupção, sim à ordem e
ao progresso!
Até quando sofreremos com a
falta de acesso
à educação, saúde, trabalho e
teto.
Precisamos de algum ato
concreto,
e não de discursos e palavras
em excesso.
Dizem que quem cala, de certa
forma, consente;
e, apesar da falta de ética,
das CPIs e do Petrolão,
a nossa alegria continua sendo
a seleção!
Não podemos agir de forma tão
displicente,
precisamos mudar urgentemente a
nossa atuação;
o princípio de toda mudança é a
conscientização.
outubro 16, 2015
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Muitas
vezes, ignorar certas coisas pode ser também uma atitude inteligente. Ver tudo,
com certeza, é um ato de cegueira. Devemos, sim, desvendar racionalmente o
mundo que nos cerca, porém, sem destruir, em nossas vidas, as necessárias zonas
de mistério e magia. Desvelar tudo, iluminar todos os cantos da vida é o mesmo
que morrer antecipadamente.
outubro 10, 2015
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setembro 30, 2015
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Olhar e não ver,
ver e não sentir,
sentir e não amar,
amar e não ouvir
o anúncio inequívoco,
verdadeiro e sincero,
que prediz a Primavera.
agosto 17, 2015
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agosto 07, 2015
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Tire suas mãos do erário
público;
ele não pertence a você.
Não é se comportando assim
que você irá se reeleger.
Entenda, a Democracia é o único
caminho;
o tempo dos totalitarismos já
acabou.
Você pode até teimar,
espernear...
Acho que isso é só rancor.
Será
só conspurcação?
Será
que não há nada a se enaltecer?
Haverá
sempre mais corrupção?
Vamos,
com isso, alguma coisa aprender?
Nos perderemos entre ideólogos
e pensadores
de péssima, sofrível formação,
que, com mentiras rotineiras,
solaparão toda forma de razão.
Sonharemos acordados,
alienados,
pensando que já encontramos a
solução:
"Acabar,
revolucionariamente, com o Capitalismo,
antes que ele destrua toda a
civilização."
Política
pra quê?
Para as instituições, assim,
fortalecer,
para a liberdade de imprensa
florescer,
para ver o populismo, no
Brasil, fenecer.
Só o Estado de Direito pode nos
proteger.
Precisamos, sim, responder
pelos erros atuais.
Vitimar-se, delegar a culpa...
Não mais!
julho 13, 2015
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Hoje em
dia, o relativismo é muito exacerbado; ninguém tem mais certeza sobre nada. Há metamorfoses
ambulantes por todos os lados. Porém, não é pelo fato de que não podemos ter certezas
absolutas (aliás, nem devemos tê-las) que, por outro lado, precisamos chegar à
conclusão minimalista de que se é impossível chegar a qualquer certeza por
menor que ela seja.
Eu sou
um eurocêntrico de carteirinha; acredito que, apesar dos vários problemas
existentes, a cultura laica ocidental derivada principalmente do Velho
Continente é o que de melhor se produziu durante toda a história das
civilizações humanas. Porém, aos poucos, estamos nos autodestruindo, pois
estamos perdendo o sentido de tudo, caindo assim no poço sem fim do niilismo.
Estamos nos tornando uma sociedade infértil, sem objetivos e sem metas.
Questionamos e destruímos tudo, mas somos incapazes de criar algo novo. Não
conseguimos ressignificar nada. Objetivos pessoais são imprescindíveis, porém
não podemos viver completamente sem um objetivo coletivo mínimo;
antropologicamente falando, nenhum homem é uma ilha.
junho 03, 2015
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Vivemos
em um oceano, nadamos freneticamente, dia após dia, mesmo sabendo que, ao
final, iremos todos, impreterivelmente, nos afogar. Não há, evidentemente, um porto seguro, uma costa amiga, apenas água por todos os lados, água até onde a vista
alcança. Abaixo, as profundezas abissais; acima, a imensidão azul de um céu
inalcançável e indiferente. O medo e o pavor do afogamento, proveniente
principalmente de um forte desejo de autopreservação, faz com que, braçada após
braçada, continuemos a lutar por nossa sobrevivência. Neste sentido, seguindo
um trajeto sem rumo, podemos encontrar alguns botes salva-vidas, como, por exemplo, uma missão ou um projeto
pessoal, pois, como sabemos, é muito mais fácil prosseguir quando temos metas,
quando sabemos para onde estamos indo, quando aquilo que fazemos tem algum
significado, mesmo que seja um significado a
posteriori. Por outro lado, podemos também encontrar verdadeiros Titanics, sistemas completos de
significação, as chamadas ideologias ou grandes tradições seculares, nestas
grandes embarcações podemos nos sentir seguros por algum tempo, ou por toda a
vida, até o próximo iceberg,
evidentemente. Outro caminho possível, dentro desta minha analogia, seria o barquinho do amor, porém este, como
vemos a cada dia, naufraga cada vez mais rápido. No entanto, quando o
encontramos, adquirimos uma força renovada, pelo menos, na maioria dos casos,
por algum tempo. Talvez a melhor opção seja mesmo a Galé da Cumplicidade, aquela em que, juntos e solidários uns com os
outros, remamos como pessoas que compartilham de um mesmo destino: o inevitável
esquecimento.
maio 17, 2015
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Agora
tanto faz avançar ou retroceder, ir para a direita ou para a esquerda, todos os
caminhos são iguais. Nada nesta vida parece realmente valer a pena. Toda luta é
vã, toda glória é fútil, todo o nosso suor e trabalho inútil. A vida é vazia,
ela não traz em si nenhuma significação. A vida é um abismo, um vasto oceano,
um ermo deserto, a vida não é nada, e, no entanto, ela é tudo.
abril 22, 2015
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A antiga fachada, sólida e
enegrecida,
mesmo estando hoje tão
desvalorizada,
carrega em si um prodigioso
saber.
Eras e eras sobrepostas, pedra
sobre pedra.
Construção coletiva,
amálgama edificante,
projeto sem projetista,
conhecimento amontoado,
tudo isso se encerra neste
frontispício.
Para que o novo não nasça com
cara de velho,
é preciso que respeitemos este
antigo edifício.
“Isto matará aquilo. O livro matará o
edifício.”
(Victor Hugo)
Catedral de Notre-Dame de Paris
abril 15, 2015
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