Dragões,
espaçonaves, zumbis, vampiros, ciência, magia - podem colocar tudo o que
quiserem na tela do cinema, só não se esqueçam, por favor, de contar uma boa
história.
Hoje,
os efeitos especiais, cada vez mais, tomam o espaço de um bom roteiro.
Explosões, acontecimentos fantásticos e muita ação desenfreada estão, não sei
se intencionalmente ou não, substituindo uma boa narrativa. As personagens, que
antes eram o núcleo do filme, transformam-se muitas vezes em meros joguetes da
trama, pois o que importa mesmo é mostrar a riqueza de um universo criado para
conter a insanidade decorrente de duas horas ininterruptas de completa estupefação
(ou puro tédio).
A
imaginação sem limites e os efeitos especiais devem, sim, ser usados, mas da
forma correta, como recursos narrativos, e não como fins em si mesmos. Não há
nada de errado em querer ver mundos fantásticos, robôs gigantes, seres
sobrenaturais ou raças alienígenas. O problema está em se esquecer que o que
cativa realmente o público, para além da fantasia, são os dramas pessoais das
personagens.
A arte
deve ser sempre humanizadora, trazendo às pessoas experiências pelas quais já passaram,
ou que (o que é mais provável) nunca venham a passar, mas que servem de pontes
para a vida real. A magia do cinema não está só na sua capacidade evidente de
nos fazer esquecer dos problemas diários, mas principalmente na sua relação
direta com os dramas da vida.