Há um tênue fio que une todas as
coisas vivas,
e há também um quê de empatia e
amor que facilmente se dissolve,
seja por pura inconsistência
humana ou pela simples ação do tempo;
transformações contínuas que nos
levam para longe de nós mesmos,
que nos fazem estranhos, loucos, habitando
um velho e mesmo invólucro.
Aquilo que parecia ser feito para
durar por toda uma vida,
aquilo que nunca se dissiparia
– nem mesmo quando os últimos
poetas caminhassem por ruas desertas –,
mostra-se falível, frágil e
evanescente.
Muitas vezes uma sensação absurda
começa a crescer dentro do peito,
uma vontade de acabar com tudo,
um desejo secreto de esquecer e
ser esquecido;
e outras tantas vezes uma
estranha vontade de resistir,
de dançar descalço à beira do
abismo,
brota com uma força imensa, incontrolável.