Às vezes rimo, às vezes não rimo,
e logo depois me vejo correndo
descalço pelos campos da meninice,
afagando sonhos e versos,
polinizando amorosas flores.
Aos meus pés, uma planta
pequenina,
frágil como tudo aquilo que há de
mais bonito nesta vida,
que cresce, cresce, cresce
e se torna árvore sem medo,
em cuja sombra me calo e envelheço.
À noite, quando os pássaros
voltam aos seus ninhos,
quando frio se faz presente,
tento recordar uma velha cantiga
de viver;
e eis que o tempo, a vida, tudo, de
repente, se transforma em água,
salobra, calma, lúcida;
e eu, pobre criança mergulhada
no mistério,
me transubstancio também em Mar Absoluto.