Somos
seres incompletos, imperfeitos e insatisfeitos. Vivemos, portanto, sempre à
procura de algo que nos torne completos, perfeitos e realizados. Mas onde
poderemos recuperar aquilo que nos falta? Estará esse pedaço perdido escondido
no mais íntimo do nosso próprio ser ou guardado em outro alguém que ansiamos
muito por encontrar?
Bem,
nem tudo o que procuramos no outro está dentro de nós, e nem tudo que nos falta
pode ser preenchido por outra pessoa. Não acho, no entanto, errado buscar no
outro algo que nos falte, errado é nos submetermos a situações ruins nessa
busca, fingindo que encontramos aquilo que tememos nunca encontrar, ou mesmo
nos enganando com a afirmação de que não nos falta coisa alguma. Se há carência
e solidão, provavelmente há algo faltando, e este algo pode ou não ser
encontrado, isso depende muito das circunstâncias, empenho e características de
cada um.
Devemos
aprender a lidar com os vazios que existem dentro de cada um de nós. Cada
indivíduo traz consigo o seus defeitos, vícios e carências, por isso devemos
crescer juntos, descobrindo aquilo que nem suspeitávamos que poderia haver de
bom no outro, criando um caminho em comum de desenvolvimento e superação. Eu
sei que conviver não é nada fácil, porém uma coisa é certa: sozinhos
naufragaremos irremediavelmente.
Não há
respostas prontas, não existe nenhum caminho plenamente seguro. Na vida, sim,
tateamos no escuro muitas vezes, mas quase sempre encontramos mãos solidárias
dispostas a nos ajudar. O importante é não nos fecharmos, negando a nós mesmos
todo e qualquer auxílio. Enfim, ninguém é tão autossuficiente que não precise
de alguém, e ninguém é tão necessitado que não possa ajudar outra pessoa – não
devemos nunca nos esquecer disso.