A morte
não carrega em si nenhum grande mistério, mas a vida sim. Não é difícil
perceber, por um lado, que a não-existência é a principal e mais constante
regra do universo e, por outro, que a existência é simplesmente uma maravilhosa
exceção. Estar aqui e ter consciência disso é de uma magnificência
incomensurável. E poder dividir esse momento com vocês é melhor ainda! Feliz
Ano Novo!
Dragões,
espaçonaves, zumbis, vampiros, ciência, magia - podem colocar tudo o que
quiserem na tela do cinema, só não se esqueçam, por favor, de contar uma boa
história.
Hoje,
os efeitos especiais, cada vez mais, tomam o espaço de um bom roteiro.
Explosões, acontecimentos fantásticos e muita ação desenfreada estão, não sei
se intencionalmente ou não, substituindo uma boa narrativa. As personagens, que
antes eram o núcleo do filme, transformam-se muitas vezes em meros joguetes da
trama, pois o que importa mesmo é mostrar a riqueza de um universo criado para
conter a insanidade decorrente de duas horas ininterruptas de completa estupefação
(ou puro tédio).
A
imaginação sem limites e os efeitos especiais devem, sim, ser usados, mas da
forma correta, como recursos narrativos, e não como fins em si mesmos. Não há
nada de errado em querer ver mundos fantásticos, robôs gigantes, seres
sobrenaturais ou raças alienígenas. O problema está em se esquecer que o que
cativa realmente o público, para além da fantasia, são os dramas pessoais das
personagens.
A arte
deve ser sempre humanizadora, trazendo às pessoas experiências pelas quais já passaram,
ou que (o que é mais provável) nunca venham a passar, mas que servem de pontes
para a vida real. A magia do cinema não está só na sua capacidade evidente de
nos fazer esquecer dos problemas diários, mas principalmente na sua relação
direta com os dramas da vida.
dezembro 19, 2016
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