A morte
não carrega em si nenhum grande mistério, mas a vida sim. Não é difícil
perceber, por um lado, que a não-existência é a principal e mais constante
regra do universo e, por outro, que a existência é simplesmente uma maravilhosa
exceção. Estar aqui e ter consciência disso é de uma magnificência
incomensurável. E poder dividir esse momento com vocês é melhor ainda! Feliz
Ano Novo!
Dragões,
espaçonaves, zumbis, vampiros, ciência, magia - podem colocar tudo o que
quiserem na tela do cinema, só não se esqueçam, por favor, de contar uma boa
história.
Hoje,
os efeitos especiais, cada vez mais, tomam o espaço de um bom roteiro.
Explosões, acontecimentos fantásticos e muita ação desenfreada estão, não sei
se intencionalmente ou não, substituindo uma boa narrativa. As personagens, que
antes eram o núcleo do filme, transformam-se muitas vezes em meros joguetes da
trama, pois o que importa mesmo é mostrar a riqueza de um universo criado para
conter a insanidade decorrente de duas horas ininterruptas de completa estupefação
(ou puro tédio).
A
imaginação sem limites e os efeitos especiais devem, sim, ser usados, mas da
forma correta, como recursos narrativos, e não como fins em si mesmos. Não há
nada de errado em querer ver mundos fantásticos, robôs gigantes, seres
sobrenaturais ou raças alienígenas. O problema está em se esquecer que o que
cativa realmente o público, para além da fantasia, são os dramas pessoais das
personagens.
A arte
deve ser sempre humanizadora, trazendo às pessoas experiências pelas quais já passaram,
ou que (o que é mais provável) nunca venham a passar, mas que servem de pontes
para a vida real. A magia do cinema não está só na sua capacidade evidente de
nos fazer esquecer dos problemas diários, mas principalmente na sua relação
direta com os dramas da vida.
dezembro 19, 2016
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O
conhecimento é uma ilha cercada de ignorância por todos os lados (alguém mais
inteligente e mais vivido do que eu com certeza já deve ter dito isso antes).
Somos seres banais, superficiais e fúteis, quem disser o contrário disso é
porque, além dessas três coisas, é mentiroso também. Há que se compreender que
o excesso de informação de nossos dias não gera, por si só, conhecimento, pois,
para se chegar ao conhecimento, é preciso selecionar qualitativamente as informações
úteis num arcabouço que tenha pelo menos dois elementos: lógica interna e
lastro na realidade.
outubro 31, 2016
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Sim, sou eu,
eu sou o Grande Fingidor,
fingindo que o meu coração é
seu,
fingindo que tudo está bem,
fazendo do mundo o meu palco,
buscando sempre novas paragens.
***
Eu sou
tão líquido quanto a
modernidade,
tão real e absurdo quanto a
vida,
tão obsessivo e irracional
quanto o ser.
Prisioneiro que sou da
liberdade,
chego a acreditar em tudo,
até mesmo no amor.
***
Sou, enfim, o grande
ressentido,
o falso altruísta, o grande
demagogo.
Sou a verborragia desvairada e
pedante,
a piedade não piedosa e a
incongruência.
***
Sou porque percebo o Tempo e
contemplo o Nada.
setembro 09, 2016
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Mirando
o espelho, vejo, aterrado, a minha própria deterioração. Vislumbro então o
esboço de um futuro nada promissor, e, de uma forma quase que instintiva,
percorro o meu passado em busca de algo um pouco mais acolhedor. Regresso,
pois, ao precioso momento em que achei que tivesse me encontrado finalmente
comigo mesmo diante da presença de uma pessoa que me era, naquela época, muito
querida; sussurro as palavras: fique comigo, não me abandone; sim, tudo agora
está envolto nas brumas inexoráveis do tempo.
setembro 09, 2016
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Estar
certo ou ser feliz – eis a questão. A grande maioria das pessoas prefere sem
titubear a segunda alternativa, achando que assim poderão estar certas também,
o que pode se mostrar um grande erro a longo prazo, pois a maior
improbabilidade que existe é a probabilidade de que tudo esteja ao nosso
alcance e controle. Não é à toa que o mundo é do jeito que é, e isso não é de
hoje, quem sabe os homens do Paleolítico fossem bem menos lascados do que nós;
a vida poderia ser muito mais dura naquela época, no entanto, devido sobretudo
às necessidades de sobrevivência da espécie, não havia tanto tempo ocioso para
ficar pensando em determinadas bobagens.
Mas voltando à questão inicial, os debates de ideias hoje em dia possuem
quase sempre apenas um lado - geralmente o mais errado e estúpido. Ninguém quer
mais procurar fatos e evidências. Refutar, aprofundar ou discutir algo dá muito
trabalho, o melhor é aceitar que as coisas são como são, não duvidando de nada.
Complicar pra quê, não é mesmo!? O melhor talvez seja ir tomar um sorvete,
agora! Como dizem, o universo está sempre conspirando a nosso favor, é...
talvez ele não tenha muito o que fazer.
agosto 28, 2016
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Há
muito tempo, numa galáxia muito, muito desimportante, num quadrante esquecido
de um sistema solar ainda mais desimportante, encontramos um pálido ponto azul;
ao nos aproximarmos, porém, um pouco mais, verificamos tratar-se de um pequeno
planeta praticamente inofensivo e irrelevante. Os habitantes, quase sempre
entediados, desse planeta queriam audaciosamente chegar aonde nenhuma espécie
jamais esteve, pois achavam que assim, de alguma forma, sentiriam um pouco
menos de tédio.
Para
tal grandiloquente objetivo criaram e desenvolveram supercomputadores,
foguetes, satélites, robôs e naves espaciais. Primeiramente, colonizaram a lua
próxima, depois o planeta vizinho, o que consideraram apenas conquistas de
pouca monta, por isso, ainda insatisfeitos, saíram em busca de planetas
habitáveis fora de seu próprio sistema solar. E, para que esse intento fosse
possível, construíram uma grande espaçonave usando toda a tecnologia e ciência
acumuladas; uma nave totalmente autossuficiente para abrigar várias gerações
dessa espécie audaciosa e entediada, pois, já que se tratava de uma viagem
muito, muito longa, uma viagem na qual o curso inteiro de uma vida não era
quase nada, a nave teria que ser um lar, mesmo que provisório, para os vários
descendentes da equipe de bordo original.
A
viagem inicia-se. Gerações e gerações se sucedem. Após muito tempo perdidos no
espaço, enfrentando vários problemas técnicos, éticos e falhas no computador
central, não encontram nenhum planeta que possa sustentar minimamente a vida,
muito menos encontram outras formas de vida. A viagem prossegue. A imensidão e
o vazio parecem não ter fim. O objetivo inicial da missão acaba sendo
esquecido, e histórias e mitos, consequentemente, passam a povoar o imaginário
dessa desalentada tripulação.
Centenas
de anos depois, quando todos já não tinham quase mais nenhuma esperança, acabam
encontrando um sistema solar com colônias abandonadas. Ficam todos eufóricos
com a concretização de um sonho: realmente existe vida no universo, e vida
inteligente! Procuram avidamente por todos os lados, mas só encontram
resquícios de uma antiga e avançada civilização há muito extinta.
De repente,
uma esfera de um azul estonteante é detectada pelos radares e sensores da nave.
O computador central confirma a compatibilidade do planeta – finalmente um
lugar habitável. Após uma aterrisagem perigosa, os sobreviventes desta longa
jornada ficam extasiados com o que veem: imensas florestas, rios, mares e
oceanos, além de uma diversidade muito grande de seres vivos, formada
basicamente por animais estranhos com uma baixa capacidade cognitiva.
Curiosamente,
em algumas partes desse planeta abandonado, ainda era possível encontrar
pequenos sítios arqueológicos deixados pelos primeiros habitantes daquele
mundo. Muitas hipóteses do que teria acontecido foram aventadas, contudo, com o
tempo, até mesmo estas histórias acabaram no esquecimento. O planeta foi, aos
poucos, totalmente colonizado.
Porém,
apesar de tudo, o tédio ainda persistia.
agosto 10, 2016
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Uma
avenida de ipês amarelos; um coreto com peixes coloridos; vários restaurantes e
muita água rolando por baixo de uma velha ponte; uma igreja com suas colunas e
altares laterais; um colégio e seu porão; um coração de fumaça desfazendo-se
num céu de brigadeiro; uma estação de trem chamada vida; uma terra de amores, sonhos e
alegrias...
agosto 06, 2016
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Sussurro no seu ouvido palavras
desconexas.
O vento fustiga as janelas.
Aqui, com você, está quente,
mas lá fora a tempestade ruge.
Por um instante a existência
parece fazer algum sentido.
Eu sei que, ao canto da
cotovia, tudo se dissolverá,
(ah, o rolo compressor da
realidade)
mesmo assim, neste momento,
quero apenas contemplar
um pouquinho mais as curvas
suaves do seu corpo,
fixar na minha memória o seu
sorriso.
julho 29, 2016
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Já fui pra Pasárgada – lá não
me quiseram.
Já tropecei na pedra do caminho
largo.
Fui ao meu amor sempre atento,
mas não durou muito.
Hoje, a minha vida não está
completa,
nem tocar um tango argentino eu
posso mais.
Fico aqui, com esta minha fala
entupida,
compondo quimeras,
buscando regressar à terra das
palmeiras
e do sabiá.
julho 27, 2016
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Tropeço na noção de tempo
e me esparramo na relva
molhada;
contemplo nuvens de glórias
passageiras
até mergulhar num céu
azul-piscina.
Volto aos tempos de criança.
Há uma toca de coelho no meu
jardim;
faço-me de explorador e,
audacioso,
encontro Beatriz e Virgílio
pelo caminho.
Hipopótamo, anos, séculos,
eras...
Tudo retorna para o mesmo
ponto,
para a mesma singularidade.
A vertigem finalmente passa,
descerro os olhos:
nuvens,
céu azul, infinito
julho 26, 2016
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Uma longa noite
frio
muitas estrelas brilham num céu
de abandono
O passado reverbera...
tantas esperanças, tantos sonhos
Os predadores estão por todos
os lados
Os recursos são escassos
Ao redor de uma fogueira
improvisada
homens contam histórias sobre
homens
que contam histórias.
julho 24, 2016
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O frio
estava intenso; a neblina dava à rua um ar de imaterialidade. O sol, ainda
tímido, exalava os seus primeiros suspiros. Meus passos candentes abriam
caminho através da cidade solitária. Aos poucos, as casas foram criando vida, e
as ruas ficaram cheias: pedestres, cachorros, carros, bicicletas, crianças,
conversações, gritos, latidos e buzinas. A ordem estava de novo estabelecida.
julho 22, 2016
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julho 22, 2016
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virei à
esquerda
depois
à direita
acabei
na contramão
Tentei
corrigir a minha rota de colisão, mas não deu certo: avancei mais uma vez o
sinal vermelho. Parei por causa da faixa de pedestres; vi uma mãe que passava
segurando o filhinho pela mão. Pensei comigo se eu não poderia ser, no outro,
alguém... escapar desta nossa insustentável condição.
julho 21, 2016
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Vou
chamar o técnico da felicidade para ver se conserto esse desconforto permanente
que sinto. Depois irei ao hipermercado comprar um pouco de espiritualidade em
conserva. O dia está tão lindo! Ah, pare de falar dessas bobagens... Quero
apenas me divertir mais um pouco; a vida passa tão rápido. Você vem ou não vem?
julho 21, 2016
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julho 21, 2016
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Eu olho
para uma parede branca, e de tanto olhar acabo percebendo certas nuances,
imagens distorcidas, que aos poucos vão tomando forma; de repente, não estou
mais diante de uma parede branca, há ali uma imagem nova, cheia de
significados, padrões, cores e simetrias; porém, com o tempo, acabo entediado
com aquilo que vejo, passo então a olhar novamente para esta parede, fixo meus
olhos nela até que, já muito cansado e quase arrependido, a única coisa que
vejo é simplesmente uma branca parede.
julho 20, 2016
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julho 20, 2016
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Alma pouco gentil, que me
partiste,
deixando a minha vida
descontente;
encontrou outra... foi-se
impunemente,
deixando-me aqui deveras
triste.
...
julho 20, 2016
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Mudam-se os tempos, mas não as
iniquidades,
Muda-se o ser, fica a
desconfiança;
Tu és passado… É tempo de
mudança…
Vislumbro novas possibilidades.
...
julho 19, 2016
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Sente-se.
Ouça as minhas palavras, mas
não as ouça com fervor; muito menos busque mistérios escondidos em cada fresta,
em cada cantinho.
O caminho era acidentado;
uma tênue luz ao longe
brilhava.
A pouco e pouco a velha casinha
despontava.
A grade estava enferrujada;
o jardim, coberto de mato;
e a varanda, empoeirada.
Nenhum cachorro latiu…
Não havia ninguém à minha
espera.
julho 19, 2016
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Não vou aqui multiplicar
palavras.
A claridade nem tudo evidencia.
O porão, trancado, está cheio
de traquinagens
e de caixas empoeiradas.
A chave!? Bem… escondida.
julho 17, 2016
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desaprendendo
tudo aquilo que aprendi na escola
duvidando
finalmente da minha razão infalível
descrendo
das muitas coisas que vi e vivi
O mundo não é mais o de
outrora...
Atravesso um jardim de rosas e
cactos,
aprecio a beleza triste e
singular que emana
de um mundo circundante no qual
sou
apenas um transeunte cego e
desavisado.
julho 17, 2016
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Menos açúcar, por favor
escrevo, reescrevo, rasgo
Nas entrelinhas
tento suprir o que a minha
excessiva adjetivação não
alcançou
Silêncio
mudo o que estava ancorado
contínua busca perdida da
vida, amor e arte
deriva
julho 16, 2016
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Um dia
desses, eu pego você e acabo com essa sua mise-en-scène.
Sairei com certeza todo arranhado mas contente. Abandonarei o fio de Ariadne
para me perder definitivamente no labirinto insondável do seu coração. E nada
mais de artimanhas e precipitações, minha felina ferina. Previsão do tempo para
amanhã: “Choverá sobre o nosso amor.”
L.
julho 16, 2016
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Procuro
desesperadamente no site de busca e apreensão; não acho nenhuma resposta que me
prenda. Desencano. Parto pra outra. O sossego não dura muito. De repente, estou
de volta à mesma cela de sempre. Não me faço de rogado, planejo a minha última
e mais extraordinária fuga. Todos ficam atônitos. Mais uma vez escapo com
brilhantismo do brilho cortante dos teus olhos. Mas não se preocupe, nos
veremos outras vezes.
julho 14, 2016
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É um
legítimo caso de urucubaca, chikungunya, ziquizira. Aleluia! Está chovendo...
chovendo utopias. Sem querer tropeçamos de repente no futuro, tudo parecia tão
promissor, tão primeiro-mundista... O sonho acabou, John, e agora? Eis que
acordamos com ramela nos olhos, dor de cabeça e – olhando para o lado – em má
companhia.
julho 13, 2016
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O Brasil se autodescobrirá no
dia em que descobrir que na verdade não sabia praticamente nada sobre si mesmo.
julho 12, 2016
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Fugindo
de mim mesmo, corro até tropeçar numa pedra. Percebo então que todos os
caminhos me levam de volta àquele mesmo lugar. O telefone toca mas eu nem ligo,
sigo em frente. São 6h15. Aurora se aproxima e me pega pela mão. Atravesso com
ela a Via Ápia. A cidade aberta está logo ali… Olho no espelho e vejo Amor
rindo de mim.
julho 11, 2016
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Labores monocromáticos
Suor, repetição, fadiga
Massa corpórea
A l o n g a m e n t o s
Gente fina, endorfina
Vida, saúde, bem-estar
Ah, e muita, muita caloria.Contador de calorias |
julho 10, 2016
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Não
crer na possibilidade de que algo se concretize pode nos levar à não realização
de algo que poderia ou não se realizar. Jogo um dado… dois… Me escondo embaixo
da mesa; canto uma canção que faz serenar trovões e tempestades. Mão forte…
Full House… Retruco, mas a casa está vazia. Bingo!
julho 10, 2016
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Silêncio...
Uma casa vazia...
Vários cômodos inexplorados...
Algumas luzes atravessam
estreitas janelas;
ouço alguns ruídos esparsos.
Não há nenhuma porta.
Tento descobrir o que se passa
lá fora,
e, com as poucas informações
que obtenho,
rascunho o meu próprio
universo.
junho 29, 2016
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Se eu for muito profundo e
sincero, eu te assustarei.
Se eu for superficial, nunca
nos conheceremos.
O melhor caminho é o
progressivo e paulatino;
um segredo de cada vez, uma
revelação após a outra.
Assim o encanto da
descoberta durará mais,
e os sustos, evidentemente,
serão menores.
Sempre, por mais que desvelemos
o próximo,
haverá uma zona impermeável e
desconhecida,
um recôndito lugar onde nunca
poderemos adentrar;
o outro continuará a ser para
nós um eterno e fascinante mistério.
junho 26, 2016
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junho 18, 2016
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Nem de Dirceu, nem de Tomás,
nem du Bocage…
Marília mudou; os tempos
mudaram.
Ela pode agora fazer suas
próprias escolhas,
ser aquilo que quiser.
Marília é um universo;
Marília é independente;
Marília é uma mulher.
Despida do ideal e dos
devaneios da paixão,
ela é um ser que possui vícios e
virtudes,
que comete erros e acertos,
que se apaixona, sofre e se
arrepende.
... Marília – agora e para
sempre –
de si mesma, e de mais ninguém.
junho 11, 2016
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De
tudo, de todas as coisas da vida, me restou apenas você, oh, minha inseparável
e agridoce amiga. Você sempre esteve ao meu lado nos bons e nos maus momentos.
A nossa relação, que a princípio foi marcada por um forte sentimento de
repulsa, agora se reveste de uma cumplicidade diáfana; hoje em dia, nos
entendemos tão bem. Somos indissociáveis, reflexos de um mesmo ser; você está
em mim, e um dia – num futuro quiçá distante – eu estarei inteiramente com
você.
junho 03, 2016
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O tempo depura o olhar,
aclara a razão,
ameniza as tempestades.
Aquilo que parecia complicado
mostra-se simples;
o que parecia espinhoso
se suaviza.
O desespero passa;
a calmaria abraça;
o amor abrasa;
a jornada continua.
O mundo aos nossos olhos,
aos poucos, se transforma.
A vida não se torna nem pior
nem melhor,
apenas um pouco mais
suportável.
junho 01, 2016
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Que esse terno eterno momento
nunca se apague de minha
memória:
uma voz maviosa,
um jeito gentil,
um ser de encanto,
e o meu coração a mil!
Seu falar me arrebata,
seu silêncio me inebria;
vivo sob esta nova chibata
dia e noite, noite e dia.
Dos sofrimentos do amor
pensei já estar curado...
Ledo engano meu,
a magia mora ao lado.
maio 28, 2016
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