Vivemos
em um oceano, nadamos freneticamente, dia após dia, mesmo sabendo que, ao
final, iremos todos, impreterivelmente, nos afogar. Não há, evidentemente, um porto seguro, uma costa amiga, apenas água por todos os lados, água até onde a vista
alcança. Abaixo, as profundezas abissais; acima, a imensidão azul de um céu
inalcançável e indiferente. O medo e o pavor do afogamento, proveniente
principalmente de um forte desejo de autopreservação, faz com que, braçada após
braçada, continuemos a lutar por nossa sobrevivência. Neste sentido, seguindo
um trajeto sem rumo, podemos encontrar alguns botes salva-vidas, como, por exemplo, uma missão ou um projeto
pessoal, pois, como sabemos, é muito mais fácil prosseguir quando temos metas,
quando sabemos para onde estamos indo, quando aquilo que fazemos tem algum
significado, mesmo que seja um significado a
posteriori. Por outro lado, podemos também encontrar verdadeiros Titanics, sistemas completos de
significação, as chamadas ideologias ou grandes tradições seculares, nestas
grandes embarcações podemos nos sentir seguros por algum tempo, ou por toda a
vida, até o próximo iceberg,
evidentemente. Outro caminho possível, dentro desta minha analogia, seria o barquinho do amor, porém este, como
vemos a cada dia, naufraga cada vez mais rápido. No entanto, quando o
encontramos, adquirimos uma força renovada, pelo menos, na maioria dos casos,
por algum tempo. Talvez a melhor opção seja mesmo a Galé da Cumplicidade, aquela em que, juntos e solidários uns com os
outros, remamos como pessoas que compartilham de um mesmo destino: o inevitável
esquecimento.