Implicação
Lasciva, ardente, libidinosa...
És tu uma vadia toda prosa,
que me faz viver no desatino,
sem rumo e sem destino.
Tu és a febre do meu corpo,
a lepra da minha alma,
o objeto do meu desejo
e também do meu repúdio.
Mulher, por que me olhas?
O que queres de mim?
Eu sei pelo que anseias:
todo o meu ser dentro de ti.
O teu apetite voraz te impele;
queres me consumir por inteiro,
sugar todo o meu cálice,
até a última gota do meu
sangue.
Vem comigo, não percamos tempo,
resguardemo-nos da cretinice
crônica
que assola esta decadente
sociedade
tão racional, ordeira e sem
coração.
Vem, vamos chafurdar na lama
dos nossos instintos naturais;
vamos fazer aflorar nesta cama
a sequela de tantas regras
morais.
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